sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Coisas que o povo fala. (versão curitibana)

"Não, meu filho, aí não. Aí a água tá molhada".


(E aqui?)



"Então, tô te ligando pra te convidar pra ver umas árvores".


(Nem precisou estar do outro lado da linha pra saber que a resposta foi não. Claro, tinha final do campeonato de dardos na TV. Imperdível.)



“Ah! Não. Esmalte dourado é muito chique, hoje eu não estou me sentindo chique."


(Sei).



“Na verdade, não é a máquina que encolhe, é a roupa”.


(Engraçado. Sempre pensei que fosse a máquina.)



“Cinza é uma cor muito ingrata”.

(Vendedora murmurando. Claro, porque se o cinza escuta já viu, né?!)


quarta-feira, 25 de março de 2009

Criança, a Alma do Negócio



Fantástico documentário que encontrei no blog da Leo Burnett Lisboa. O documentário é de Estela Renner e mostra os efeitos da publicidade no comportamento e nos valores das crianças. Filme foi feito em São Paulo com depoimentos de pais e filhos, além de entrevistas com especialistas da área.

O que eu acho disso tudo...

Um pouco alarmista, um tanto simplista, preconceituoso...

As crianças sempre existiram, mas o conceito de infância foi inventado. Agora, resolveram “desinventar”. A mídia, a moda e a publicidade não têm tanto poder quanto atribuem. É simplista demais pensar que as crianças somente reagem ao estímulo da mídia e mais absurdo é pensar que elas crescerão e ficarão ainda piores. São seres humanos não ratos que respondem a estímulos em um laboratório. A modernidade sempre pregou que somos seres pensantes e inventores de nossa própria identidade, na pós-modernidade poderemos provar que de fato o somos, pois estamos nos reinventando.

As coisas não precisam ser como elas sempre foram. Quem disse que o certo é a menina brincar de mamãe e filhinha com a boneca? Por que o celular é coisa de adulto, se há coisas nele que atraem as crianças? Qual a diferença entre desenhar no papel e desenhar no rosto? O mundo muda, a tecnologia avança cada vez mais e as crianças não podem participar disso por quê?


"Quando a gente acha que tem todas as respostas,
vem a vida e muda todas as perguntas ..."


Luis Fernando Verissimo

domingo, 15 de março de 2009

Dia do consumidor

Em homenagem ao dia do cidadão pós-moderno, que só o é pelo fato de consumir, uma historinha:

- Boa tarde, você tem creme hidratante para o cabelo?
- Tenho sim...olha, tem esse de azeite de oliva que é muito bom, porque ele repõe o óleo natural que o cabelo perde a cada lavagem e, além de hidratar profundamente os fios, ele produz uma camada protetora.
- Nossa! Mas esse é muito bom, hein?
- Excelente!
- Você já usou?
- Não, mas é muito bom...Ah! E tem esse também...10 em 1...
- 10 em 1???
- É edição especial, possui as 10 maravilhas para o cabelo...concentrado de azeite de oliva, extrato de tutano de boi, cera ceramidas, nano-partículas, creatina fortificada, antioxidante, óleo de semente de manga, silicone, D-pantenol e gel de babosa. Perfeito!
- Maravilhoso! Mas o cabelo precisa de tudo isso mesmo?
- Claro! A mulher moderna não pode ficar perdendo tempo só cuidando do cabelo, tem que ser prática! 10 elementos em 3 minutos.
- 3? Então esse é muito melhor que o outro!
- É, mas isso depende do que seu cabelo precisa. Nesse pode de 10 elementos você levará menos concentrado de azeite de oliva, se o seu cabelo precisa mais de reposição de óleo, é melhor você levar o de azeite.
- É verdade...
- Ah! Estava me esquecendo do lançamento...esse utiliza as plantas da Amazônia descobertas pelos índios...são ótimas para o cabelo.
- ?
- Olha...essa planta aqui...auác...peraí...auácanas...é, é isso. Hidrata tanto, que deixa o cabelo super macio, sedoso.
- Mas ...índio hidrata cabelo?
- Mas é claro!!!!! Você nunca viu os cabelos das índias? Menina, é cada cabelão, precisa de ver.
- ...
- Então, qual você vai levar?
- Eu não sei.
- Mas é você quem conhece seu cabelo melhor do que ninguém. Só você pode saber o que é melhor para ele.
- ... (Pensamentos)
- (Sorriso)
- Tsc... (Descontentamento)
- (Sorriso)
- Ah! Me dá um Neutrox mesmo.
- (Risos). Só isso mesmo?
- Só. (Olhando desoladamente ao redor como se procurasse algo).
- Seu troco, obrigada. (Sorriso)
- Obrigada. (Sorriso sem mostrar os dentes, insatisfação.)
Moral da história: modernidade é não ter o que escolher, pós-modernidade é não conseguir escolher e tendo escolhido fica a eterna insatisfação de não ter optado pelo outro.

sábado, 14 de março de 2009

Sutis diferenças

Há algum tempo estava passando (ou repassando) um programa na TV Cultura que se chamava "Invenção do contemporâneo" que falava desse momento que estamos vivendo hoje: crise cultural, pós-modernidade, sustentabilidade, etc. E um dos professores estava citando as diferenças entre modernidade e pós-modernidade (e agora o termo hipermodernidade se adéqua mais ao contexto). A ver:

- modernidade é construir um avião, com várias teclinhas úteis, ambiente limpo e bem-estruturado, para ir de um lugar a outro em algumas horas a passeio. Pós-modernidade é você praticamente viver dentro de um avião, de um lugar a outro, a trabalho, portanto, por obrigação.

- Pós-modernidade é ir para uma casa de campo curtir a natureza e levar um DVD, porque ninguém aguenta tanta natureza.

Então eu comecei a observar esses exageros.

- moderno é tomar banho com sabonete para retirar a sujeira; pós é ter um sabonete para o rosto, outro para o corpo, outro íntimo e um esfoliante, para retirar células mortas uma vez por semana.

- moderno é refrigerante; pós é suco natural...de caixinha!

- moderno não gosta de sujeira; pós retira todos os pêlos do corpo, porque é mais higiênico.

- moderno é ter um telefone; pós é ter um celular que manda mensagem, toca mp3, filma, fotografa, tem jogos e...telefona!

- moderno é ter uma tomada elétrica (é só ligar o fio do aparelho e tudo funciona); pós é ter tantos fios de tantos aparelhos que uma tomada é pouca.

- moderno é destruir a natureza para construir desenvolvimento e tecnologia, pós é culpar o índio por desmatar a floresta para seu próprio sustento.

E por aí vai...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Coisas que o povo fala I

O bom de ser uma formiga é poder estar no meio do povo, escutando o que falam, vendo o que fazem sem que eles percebam que estão sendo observados. Há algum tempo, venho escutando frases estranhas, por vezes, engraçadas, outras vezes, que ficaram guardadas na memória. Porém, agora, serão devidamente anotadas.

Regras do jogo:
1. As frases serão escutadas pessoalmente, sem meios;
2. Serão anotadas em até 24 horas depois da escuta;
3. Não controle sua boca, por favor.

As frases abaixo ferem a segunda regra, mas se o jogo foi inventado agora e elas são anteriores ao jogo....(piiii) está valendo!

"Ê Brasilzão hein, gente, ó. Ê Brasilzão".
(Padre em Aparecida do Norte reclamando que alguns espertinhos estavam vendendo ingressos para a missa do Papa no Brasil. Essa frase aparentemente sem sentido resume o sentimento de ser brasileiro.)

"Negoça o coisa aqui pra mim".
(Atendente de uma lanchonete em BH - só podia ser - pedindo para o amigo coisar o trem lá.)

"As menina entra até bunitinha, precisa de ver...e sai cada coisa".
(Faxineiro na rodoferroviária de Brasília comentando sua vasta experiência como segurança na UnB.)

"Couve cura todos os tipos de câncer".
(Transeunte - e tem gente que ainda vai ao médico. Não entendo!)

"Segunda, terceira, quarta, quinta, sexta, sábado, domingo, feriado". (Cobrador do ônibus indicando a mudança de faixa para o motorista.)

"Ninguém assiste o BBB, mas todo mundo sabe quem é o líder da semana". (Estudante de jornalismo.)


Eu não queria colocar família no meio, pois povo que é povo, neste momento, está na rua reclamando do calor enquanto espera o ônibus. Não sei, mas algo me diz que talvez meu tio esteja fazendo isso neste momento.

"Você nasce com 100% de beleza e a porcentagem vai caindo à medida que faz anos". (Ti Jorge)

"Festa, para velho, é sacrifício". (Ti Jorge)

E viva a filosofia popular!